Tenho 45 anos, a cena que vou descrever a seguir me fez pensar – e muito, a oportunidade do tema proposto para essa prova*: Rua Riachuelo, doze horas. Estou há uns três carros -engarrafado, da esquina. Um senhor no carro ao lado torce seu corpo para trás e alcança com alguma dificuldade, uma sacola de supermercado com fraldas descartáveis, bolachas e um litro de leite. Fico observando ele na sua ginástica quando atravessa na minha frente uma mãe negra, pobre com uma recém-nascida ao colo, ela vai até a janela e recebe suas provisões.
O sinal abriu, a mãe e a criança estão equidistantes entre o anônimo doador e eu, há uma fila considerável atrás de nós que – acredito, sensibilizados com a ação naquele momento tão inédita, não reagem. Silêncio! Não há buzinas, reclamações e mau-humor destilando na via.
Penso, posso acreditar que ainda existam pessoas solidárias – que no seu anonimato param o trânsito num tumultuado sábado de manhã em pleno centro de Porto Alegre?
*
————————————–
Redação Vestibular Complementar
Centro Universitário Metodista IPA
Recent Comments